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O movimento de parar

A comunidade O Lugar liga pessoas com um desejo em comum: ser feliz. Práticas, conversas, leituras e reuniões que respeitam todos os movimentos, inclusive o de parar. 

Uma comunidade composta por um grupo de amigos ou um grupo de amigos formado por uma comunidade. É você quem escolhe em qual ordem quer definir a comunidade “O Lugar”, criada com o objetivo de reunir pessoas que compartilham um desejo: ser feliz. Fundada em 2013, a organização cria espaços para conversas, debates e trocas entre pessoas que buscam, sobretudo, criar relações genuínas. Entre as práticas, estão o estudo de livros, palestras, ciclos de aprofundamento e incontáveis encontros para meditação. Com reuniões diárias, sempre no mesmo horário para que se crie uma continuidade, a comunidade estima que já fez parte da vida de mais de seis mil pessoas. 

Segundo o Gustavo Gitti, um dos fundadores da O Lugar, a comunidade serve para que pessoas estejam mais conectadas e ativas em relação à própria mente. “A gente trabalha com práticas de equilíbrio, conexão e clareza para olhar mais claramente para relações, emoções e para os problemas estruturais”, afirma. Em relação às práticas, Gitti ressalta que a organização está bem longe de ser um grupo de autoajuda. “Não somos um caminho espiritual, não somos gurus e não temos uma abordagem terapêutica. Somos uma comunidade de pessoas apaixonadas por processos de transformação da mente em meio à vida cotidiana”, afirma.

Questionado sobre os propósitos ao criar a comunidade, Gitti é enfático: “A minha motivação e a de todo mundo que criou O Lugar comigo é que a pessoa faça amigos genuínos no caminho, que encontre pessoas que se interessam por ela e pelas quais ela se interessa. Não tem uma relação de comunidade por gostos, preferências e identidades similares. A gente se identifica pelo desejo de ser feliz, pela nossa humanidade compartilhada”. 

Para colocar em prática a filosofia da comunidade, Gitti afirma que, entre muitas práticas, uma coisa é imprescindível: a continuidade. “O professor budista Shantideva, no livro O Caminho do Bodisatva, diz que não há nada que não tem nada que não se torne mais leve com a prática. Uma vez que você começa a repetir aquilo, a coisa mais difícil pode se tornar fácil. Não é rápido, é ao longo do tempo”, afirma. “A continuidade é um dos nossos pilares. Não só d’O Lugar, na verdade. A gente está interessado no que é real, no que funciona no mundo. Não é um método nosso, nós somos uma comunidade de pessoas que olham para o que funciona para transformar a mente. E, nisso, a continuidade é essencial”, completa. 

O benefício da quietude

A ideia de parar e olhar para si pode parecer contrária à ideia do corpo em movimento. Mas, ambos os conceitos podem andar lado a lado. De acordo com Gustavo Gitti, tão importante quanto movimentar-se é respeitar o tempo de parar. “A gente vê muita gente em movimento, mas elas estão cansadas. Muitas vezes, elas estão fazendo os outros se cansarem, explorando outros seres e não sabendo parar e descansar”, afirma. “Por isso, é muito importante que esse movimento seja livre, altruísta e que seja inseparável do não-movimento. A gente trabalha com a visão de que o movimento mais saudável vem da quietude. A pessoa pode ser muito produtiva e muito ativa, mas sem ser agitada”, completa.  

Para que os participantes respeitem seus movimentos, Gitti afirma que a comunidade ajuda, inclusive, no relaxamento. “Para você ter um movimento mais equilibrado, você precisa estar relaxado. O relaxamento está na base de qualquer movimento saudável”, afirma o idealizador. “Por isso, a gente ajuda as pessoas a não fazerem nada. Sim, não fazer nada. E esse não fazer nada é vivo, não é morto. E quando você não faz nada você deixa as coisas acontecerem, deixa as coisas fluírem. As emoções chegam e você não bloqueia, não contrai. Um ser relaxado é um ser fluido”, completa. 

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