Jornalista e turismóloga, Flavia Vitorino cria conteúdos que ajudam mulheres a seguirem os próprios sonhos no mundo do esporte e da aventura.
Para um lado, a “menina que está sempre no meio do mato”. Para o outro, a patricinha que não faz a mínima ideia do que está fazendo ali. Esses são só alguns dos julgamentos que a jornalista e turismóloga Flavia Vitorino recebe, simplesmente, pelo fato de ser mulher e gostar de esportes radicais. “Eu gostava muito de trekking, de acampar e estar na natureza. Mas, ao mesmo tempo, sempre fui vaidosa, gostei de arrumar meu cabelo e estar de unha feita. Por isso, eu sofria preconceito dos dois lados”, conta a jornalista. “Esses rótulos sempre foram muito perigosos para a mulher. Nunca nada é suficiente. Se a gente está no trekking, é errado porque deveria estar em casa cuidando dos filhos. Se a gente se arruma, não pode porque não combina com o estilo de vida. Se não se arruma, é desleixada. Tudo, sempre, é julgamento”, completa.
Colunista da Revista IstoÉ e embaixadora de marcas como a The North Face, Flávia coleciona viagens e expedições para os mais diversos lugares. Dentro ou fora do Brasil, ela costuma misturar trekking, mountain bike e algum esporte aquático para os conteúdos que variam entre documentários, projetos patrocinados e fotos para as redes sociais. Hoje em dia, mais do que uma divulgação de suas viagens, a jornalista ainda usa seu perfil no Instagram como ferramenta para empoderar e encorajar outras mulheres a seguirem os próprios sonhos. “Esse trabalho de comunicação é sobre questionar porque a mulher não pode ter filhos e ir acampar, porque a mulher tem que estar sempre arrumada”, explica.
“Tem mais gente procurando essa troca entre mulheres do que pessoas me pedindo dicas de viagem, de trekking e tudo mais”, conta a jornalista. “Muita gente usa as redes sociais para criar uma rede de apoio, para se conectar e ajudar as pessoas. Muitas mães, por exemplo, vêm me perguntar como eu faço com minhas filhas e como lido com a maternidade”, completa. Mais que criar uma rede apoio, o objetivo da jornalista ainda é modificar, mesmo que em pequenos passos, a relação de competitividade entre as mulheres. “Nós, mulheres, crescemos olhando outras mulheres como uma adversária, com um ar de competição. Nós nunca fomos unidas. E isso, hoje, está mudando. Através das redes sociais, estamos criando uma rede de apoio, de amizade e conexão. Isso é incrível”.
Experiências e conexão com outras mulheres
Com quase 20 anos de carreira, Flávia se orgulha de muitos projetos que fez. Mesmo assim, a conexão que estabelece com as mulheres que encontra nas viagens é o que guarda com mais carinho. “Eu estava no Peru, fazendo a trilha Inca e caminhando há vários dias. Quando eu cheguei no portal, no fim da trilha, eu encontrei uma menina que me viu e falou: “Flávia, é você? Não acredito que estou te encontrando aqui”, conta a jornalista. “Eu fiquei chocada que ela tinha me reconhecido ali e ela me contou que estava ali por causa de mim, que estava viajando sozinha pela primeira vez. Ela era funcionária pública e contou que tinha largado tudo para viver uma vida mais próxima do que acreditava, mais ligada a viagens e esportes. E aí, naquele dia, eu pensei: “realmente, eu acabo sendo uma linha de conexão entre mulheres que estão querendo fazer isso também”.