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Era Uma Vez o Mundo: representatividade em forma de brincadeira

“Brincar é poder”: conheça a starturp de educação que cria brinquedos e workshops para que crianças e professores tenham contato com uma educação antirracista.

Criar livros com protagonistas negros e dar a primeira boneca negra para uma criança. Contar, de forma lúdica e descomplicada, que a história da população negra não é a escravidão. E, a partir de tudo isso, ensinar para crianças que o que é racismo. E que a culpa do racismo é do racista. E que racismo é crime. Essas são só algumas das incríveis ações propostas pela startup de educação criada pela empresária Jaciana Melquiades. Idealizada em conjunto com o marido de Melquiades, a “Era Uma Vez o Mundo” é definida como uma empresa de impacto social voltada à criação de brinquedos e atividades educativas e representativas. “A Era Uma Vez surgiu como a possibilidade de entrar numa escola e fazer oficinas antirracistas com crianças”, explica a idealizadora. “O desenrolar é que foi fazendo com que ela se tornasse o que é hoje. No início, as oficinas aconteciam contando histórias, fazendo reflexões e sempre tentando fazer isso de uma forma lúdica”, completa. 

O meu filho já entende que o problema do racismo é o racista, e não ele. Inclusive, se ele identifica uma atitude racista na direção dele, ele aponta e diz: “você está sendo racista e racismo é crime”

Com o crescimento da empresa e com o nascimento do primeiro filho do casal, novas oportunidades foram surgindo na Era Uma Vez o Mundo. “A gente começou a levar os brinquedos do Mathias, nosso filho, para as oficinas. Eram brinquedos que eu tinha feito para ele, bonecas que eu mesma tinha costurado. E isso fez com que nossas oficinas ficassem muito mais legais”, conta Melquiades. “Foi aí que a gente começou a vender para outros professores e, num determinado momento, eu entendi que isso poderia ficar um negócio”, completa. Hoje em dia, quase 8 anos depois do lançamento dos primeiros brinquedos, a Era Uma Vez o Mundo já conta com um catálogo extenso de bonecas, acessórios e livros de pano que, além de colocar ícones negros como protagonistas, ainda falam sobre a importância da representatividade na vida de crianças negras. 

Brincar é poder: a diferença da Era Uma Vez O Mundo na vida crianças negras

Uma atividade educativa com elementos negros, com brinquedos negros e livros que fazem com que as crianças entendam que a escravidão não é a história da população negra faz com que as crianças saiam da oficina com um olhar diferente para o que é a pessoa negra”, explica Melquiades. “A criança negra sai com o espelho positivo, se achando bonita, potente e inteligente. A criança branca, por sua vez, começa a olhar diferente para as pessoas negras. Elas começam a entender que esse lugar de subalternização que a sociedade ocidental coloca para as pessoas negras não é assim. A criança começa a entender, por exemplo, que existem heróis negros”, completa.

A diferença é a gente começar a caminhar, efetivamente, para um lugar que tem espaço para todo mundo ser. De um jeito simplificado, a criança entende que tem espaço para todo mundo”

Muito mais do que só o entendimento da história, segundo a idealizadora, os brinquedos da Era Uma Vez o Mundo ajudam na autoestima e na autoconfiança de crianças negras. Comparando a sua própria infância à do filho, que cresceu rodeado por brinquedos representativos, Melquiades explica que Mathias é uma criança muito mais extrovertida e autoconfiante que ela na infância. “A Era Uma Vez nasceu quando ele era um neném e ele cresceu nesse meio, no lugar de uma existência preta potente” explica a idealizadora.  “Ele nos via escrevendo livros, criando bonecos e se via como o personagem. Ele tinha os próprios bonecos negros e vivia representatividade”, completa.

“A maior diferença, para mim, era que eu não sabia o que era racismo na infância e, por isso, tinha muito problema com minha autoimagem. Eu achava tudo muito feio, precisando de mudança. E eu achava, ainda, que se essas mudanças acontecessem em mim, as pessoas parariam de me tratar mal. E o meu filho já entende que isso não faz diferença. Ele muda porque ele quer e entende que o problema do racismo é o racista, e não ele. Inclusive, se ele identifica uma atitude racista na direção dele, ele aponta e diz: “você está sendo racista e racismo é crime”, finaliza. 

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